Talvez seja da chuva que se aproxima... Fui lá fora olhar o céu e uma aragem gelada bateu-me no rosto, como as asas silenciosas duma ave nocturna... É talvez da chuva, ou deste vento que me enrola a roupa nos varais e faz bater as portas e gemer as vidraças da casa, que faz vergar as hortências nos canteiros floridos e empurra a bola do meu filho numa jogada doida e fantasmagórica pelo pátio vazio. Talvez seja da chuva este frio que sinto... Um estranho frio colado à pele, preso aos pés, que arrasto pelos aposentos, que me entra pelos bolsos, pelas mangas da camisola, que pousou nos meus livros e invadiu os armários e as gavetas... Este frio que me magoa, só pode vir da chuva... Ou do silêncio. Que dias há que na alma me tem posto/ um não sei quê, que nasce não sei onde,/ vem não sei como, e dói não sei porquê. - Luiz Vaz de Camões
sábado, 21 de maio de 2011
Silêncio
Talvez seja da chuva que se aproxima... Fui lá fora olhar o céu e uma aragem gelada bateu-me no rosto, como as asas silenciosas duma ave nocturna... É talvez da chuva, ou deste vento que me enrola a roupa nos varais e faz bater as portas e gemer as vidraças da casa, que faz vergar as hortências nos canteiros floridos e empurra a bola do meu filho numa jogada doida e fantasmagórica pelo pátio vazio. Talvez seja da chuva este frio que sinto... Um estranho frio colado à pele, preso aos pés, que arrasto pelos aposentos, que me entra pelos bolsos, pelas mangas da camisola, que pousou nos meus livros e invadiu os armários e as gavetas... Este frio que me magoa, só pode vir da chuva... Ou do silêncio.
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário