domingo, 30 de novembro de 2008

O poema possível


Apetece-me um poema
que ainda não está escrito.
Procurei-o em todo o lado
mas nenhum me fala do teu riso
ou tem o aroma dos morangos,
sequer o travo amargo do chocolate...
Apetece-me um poema
que traga todas as cores
e aqueça o frio escuro
deste Novembro que se despede.
O meu poema único não existe...
Poeta nenhum o rascunhou
para ilustrar isto que sinto...
Esta espécie de saudade ácida
do abraço quente de um dia de sol,
este silêncio onde fico
desalentada, porque não há
um poema possível.

sexta-feira, 28 de novembro de 2008

Sentido único


Os políticos e as fraldas devem ser mudados frequentemente e pela mesma razão.

Eça de Queirós

domingo, 23 de novembro de 2008

Carpe Diem


Com o passar dos anos, damos connosco de repente a enveredar por caminhos que nos parecia impensável escolher, a proferir palavras cujo sabor desconhecíamos, a abrir portas que nos assustavam, a ver ruir certezas que julgávamos inabalavéis. Subitamente, estranhamo-nos nos gestos espontâneos, nos sorrisos quase felizes que escorregam de olhares imprevistos... E percebemos então, assim de repente, que de nada adianta fazer planos porque a vida nos troca as voltas, nos armadilha as passadas mais seguras. A vida, esse carrocel de emoções, essa montanha russa de imprevistos, conduz-nos a lugares insondáveis e oferece-nos pequenas alegrias que de tão inesperadas, provam que não há planos possíveis e que afinal, a matemática, a mais exacta das ciências exactas, na sua exactidão também se engana. Não, de nada adianta prever a vida ou rascunhar o futuro...
É por tudo isto que agora já não vou fazendo planos a longo prazo. Vivo um dia de cada vez, saboreio os instantes, delicio-me com os pequenos momentos que consigo agarrar... Aqueles que a memória grava e o coração aninha com carinho.

quinta-feira, 20 de novembro de 2008

Inquietude


Houve qualquer coisa de áspero na textura deste dia que me arranhou a pele, me inquietou o pulsar do coração... Como se me tivesse faltado cumprir um gesto... ou me tivesse esquecido de acarinhar um sonho.

quarta-feira, 19 de novembro de 2008

segunda-feira, 17 de novembro de 2008

Pedaços de alegria


Quero entregar-te todos os pedaços da minha alegria. Carrego-a comigo, encostada ao olhar arredio que te atiro para que não a notes ainda, para que não ma descubras na ponta dos meus gestos trémulos e sorridentes. Ainda não é tempo... para já não quero denunciar-me, não posso permitir que a adivinhes no brilho indecente dos meus olhos envergonhados... Talvez amanhã... Talvez eu te ofereça todos os pedaços da minha alegria.

sexta-feira, 14 de novembro de 2008

Sentido único


Os grandes navegadores devem a sua reputação aos temporais e tempestades.
Epicuro

quinta-feira, 13 de novembro de 2008


Esta flor é para ti.
Porque é a tua preferida.
Porque me apeteceu beijar-te, assim, a meio do dia.
Porque tu sabes porquê.

terça-feira, 11 de novembro de 2008

domingo, 9 de novembro de 2008

Um post de quatro patas


Há pessoas que não gostam de bichos.
Os chamados animais de companhia, causam-lhes repugnância, provocam-lhes alergias, enchem-lhes a casa de odores, sujidade e pêlos. São uma prisão, destroem os cortinados, os tapetes e os sofás, roem os chinelos preferidos, arrancam as roupas do varal, escavam a terra dos vasos à procura de tesouros perdidos, deitam-se sempre na sua poltrona preferida, roubam a comida de cima dos balcões ao menor sinal de distracção e além disso, exigem imensa atenção... Uma verdadeira maçada...! Estas pessoas estão no seu direito... claro que sim. Têm, sem dúvida alguma, uma vida mais serena do que um amante dos animais... As pessoas que não gostam de bichos nunca alimentaram uma cria a biberão, nunca se preocuparam com as horas certinhas do antibiótico de um animal doente, nunca fizeram um curativo a um bicho ferido; estas pessoas nunca saíram do quentinho da sua casa para ir procurar na noite gelada um amigo que se perdeu, não ficaram de olhos abertos no escuro a imaginar se ele teria comido e bebido, se estaria ainda vivo, se acharia o caminho de volta... ou se alguém que o pudesse amar o teria recolhido e tratado tão bem como nós... As pessoas que detestam animais nunca ajudaram uma fêmea a parir, nunca ultrapassaram na estrada os limites de velocidade para chegar a tempo de entregar um animal atropelado ainda com vida nas mãos salvadoras de um veterinário... Nunca choraram por um cão ou um gato, nunca os viram envelhecer nem se sentiram de luto no momento de enterrar e dizer adeus a um companheiro de longos anos... Não sabem talvez o que é a saudade apertada que o coração acusa durante as férias que se demoram porque o nosso bicho não viajou connosco... Desconhecem a sensação gratificante que é regressar a casa todos os dias e ser recebido por um meigo par de olhos que nos esperou arrastando as horas vazias e se sente feliz por nos ver, que nos ama e nos é fiel sem exigir nada em troca... Não saberão talvez nunca, qual o sabor do momento em que a família escolhe o nome e prepara o ninho que acolherá um cachorrinho ou um gatinho... Não darão consigo a sorrir enquanto observam um filho a brincar doidamente com um animal e não conhecem a cor dos minutos em que quando a alma dói e o nosso bicho o pressente, se vem deitar silenciosamente na cadeira vazia a nosso lado e ali fica, só porque sim... Nunca escovaram ou lavaram um ser peludo, nunca sentiram a calma regressar ouvindo apenas o ronronar de um gato ou acariciando com ternura o pêlo sedoso de um cão...
Sim, há pessoas que odeiam bichos... e eu respeito-as... mas tenho para mim que há uma dimensão grandiosa da vida e do amor que lhes passa completamente ao lado...

quinta-feira, 6 de novembro de 2008

Sentido único


Uma das vantagens de sermos desorganizados é que estamos constantemente a fazer descobertas emocionantes.

A. A. Milne

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

terça-feira, 4 de novembro de 2008

Palavras fechadas


Há portas
que é melhor
fechar para sempre.

Há portas
que é melhor
não abrir nunca.

Adília Lopes, Caderno

domingo, 2 de novembro de 2008