Nasce mais uma vez,
Menino Deus!
Não faltes, que me faltas
Neste inverno gelado.
Nasce nu e sagrado
No meu poema,
Se não tens um presépio
Mais agasalhado.
Nasce e fica comigo
Secretamente,
Até que eu, infiel, te denuncie
Aos Herodes do mundo.
Até que eu, incapaz
De me calar
Devasse os versos e destrua a paz
Que agora sinto, só de te sonhar.
Miguel Torga, Natal
2 comentários:
Minha Amiga
Quanta sensibilidade, quanta beleza!
É preciso sentir muito baixinho para não acordar o Menino.
Um beijo
É preciso sentir baixinho e cá dentro, no sítio mais fundo onde todos os sonhos fazem sentido...
Um beijo, Lídia :)
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