quarta-feira, 5 de março de 2008

Palavras feridas


Existe uma lenda acerca de um pássaro que só canta uma vez na vida, com mais suavidade que qualquer outra criatura sobre a Terra. A partir do momento em que deixa o ninho, começa a procurar um espinheiro e só descansa quando o encontra. Depois, cantando entre os galhos selvagens, empala-se no acúleo mais agudo e mais comprido. E, morrendo, sublima a própria agonia e solta um canto mais belo que o da cotovia e o do rouxinol. Um canto superlativo, cujo preço é a existência. Mas o mundo inteiro pára para ouvi-lo e Deus sorri no céu. Pois o melhor só se adquire à custa de um grande sofrimento...Pelo menos é o que diz a lenda.

Colleen McCullough, Pássaros feridos

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