quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Quem me dera ser onda


- Vocês não gostavam de ser onda?
- Deve ser bom. Assim por cima da água nem é preciso saber nadar. Quem me dera ser onda! - e Beto abria os braços.
- Mas Ruca - considerou Zeca -, não se pode ser onda. Onda ninguém amarra com corda.
Cá em baixo os meninos confiavam na força da esperança. E Ruca, cheio daquela fúria linda que as vagas pintam sempre na calma do mar, repetiu a frase de Beto:
- Quem me dera ser onda!

Manuel Rui, Quem me dera ser onda (Texto com supressões)

9 comentários:

H. disse...

Onda ninguém amarra com corda...
É bonito...e forte.
E no próximo mês podes pedir ao Manuel Rui que te autografe o livro.
Revemo-nos nas Correntes.Por isso guarda-me um lugar à tua beira, Princesa.
Beijos

R. disse...

Uma vez mais não resisto a citar um dos grandes. Desta vez, Cesariny, porque "há palavras que nos guiam / que parecem reais".

Anna disse...

Olá Henrique :)
Não vou querer só o autógrafo, vou conversar com ele! O trabalho de Literaturas Brasileiras é sobre o livro dele, acho que ele vai ter paciência para mim... E eu, terei coragem de o abordar...?
Está combinado, até às Correntes... e não te preocupes com o lugar.
Beijinho

Anna disse...

Olá R. :)
Gosto muito do Cesariny! Mas ele não tinha razão... As palavras SÃO reais. Eu gosto de as trincar, de lhes provar o suco e oferecê-las aos que amo...
Volta sempre:)

Anna disse...

Henrique, sou eu de novo.
Eu disse Literaturas Brasileiras? LOL Queria dizer Literaturas AFRICANAS! Desculpa...O de Literaturas Brasileiras é sobre o Carlos Drummond de Andrade. O cansaço faz-me dizer disparates :)

R. disse...

Obrigada. Assim farei :) Trincar, provar e oferecer são, sem dúvida, excelentes usos para dar às palavras e são, em si mesmas, palavras "deliciosas"!

Anna disse...

Olá R. :)
Há palavras que nos beijam/como se tivessem boca (sim, o O'Neill de novo)... Impossível viver sem a água das palavras...

Numa de Letra disse...

Lido...

http://numadeletra.com/quem-me-dera-ser-onda-de-manuel-rui-55901

Anónimo disse...

ONDE É QUE COMEÇA E TERMANA A SITUAÇÃO DO TEXTO?