terça-feira, 6 de outubro de 2009

As divas não morrem


Foi por vontade de Deus
que eu vivo nesta ansiedade
que todos os ais são meus,
que é toda minha a saudade.
Foi por vontade de Deus.

Que estranha forma de vida
tem este meu coração:
vive de vida perdida
Quem lhe daria o condão?
Que estranha forma de vida.

Coração independente,
coração que não comando:
vives perdido entre a gente,
teimosamente sangrando,
coração independente.

Eu não te acompanho mais.
Pára, deixa de bater.
Se não sabes onde vais,
porque teimas em correr?
Eu não te acompanho mais!

Amália Rodrigues, Estranha forma de vida

4 comentários:

Anónimo disse...

Bom Dia!

Um grande Fado cantado por uma grande senhora =)

Beijinhos

Kleine

Anna disse...

Nem todos sabem que a Amália também escrevia as letras dos seus fados. Na minha opinião, as palavras desta canção são um maravilhoso poema, que só poderia ter sido escrito por uma alma profundamente inquieta.Não só, mas também por isso, a Amália Rodrigues merece-me todo o respeito e admiração.
Beijinho

Anónimo disse...

Eu sabia que a Amália escrevia as letras dos seus fados e que escolhia singularmente as suas indumentárias. Quase nada era deixado ao acaso, inclusivé opinava sobre como as fotos deviam ser tiradas. Era e é a eterna "Senhora do Fado" e este tributo fica muito bem no teu blogue querida De Profundis...

Anna disse...

Aposto que também sabias, Alquimista, que a Amália era noctívaga, tinha insónias eternas e chorava de emoção a ouvir o Ary declamar poesia nas tertúlias lá em casa pela noite dentro.
:)
Obrigada pelo carinho, e por me teres visitado. Volta sempre.