terça-feira, 20 de outubro de 2009

Palavras perdidas


Mãe! dói-me o peito. Bati com o peito contra a estátua que tem em cima o verbo ganhar. Ainda não sei como foi. Eu ia tão contente! eu ia a pensar em ti e no verbo saber e no verbo ganhar. Estava tudo a ser tão fácil! Já estava a imaginar a tua alegria quando eu voltasse a casa com o verbo saber e o verbo ganhar, um em cada mão!
Dói-me muito o peito, Mãe! passa a tua mão pela minha cabeça!

Almada Negreiros, A Invenção do Dia Claro

2 comentários:

Anónimo disse...

Às vezes fico sem jeito para te comentar, não é que não o deseje - mas sabes, a tua maneira única de desabares para o mundo a dor da meninice e do sonho magoado é muito intensa.

Beijos (perdoa este à vontade)

Kleine

Anna disse...

Kleine, não tens porque pedir desculpa, ainda bem que te sentes à vontade neste espaço. A porta está aberta, entra sempre que queiras e deixa as palavras que te apetecer... sem qualquer espécie de constrangimento.
Um beijinho