domingo, 29 de junho de 2008

Dia de S.Pedro


S.Pedro, o último dos santos populares, é o padroeiro da minha cidade.
Era pescador, como o povo da terra onde vivo, um povo corajoso e sofrido que enfrenta o mar que lhe dá o sustento e as lágrimas. Chamava-se originalmente Simão mas perante a sua fé inabalável, Cristo baptizou-o de Pedro, que significa pedra. E S.Pedro, o príncipe dos apóstolos, foi o fundador da Igreja de Roma e considerado o primeiro Papa pela Igreja Católica. Foi martirizado e crucificado de cabeça para baixo a seu pedido, por não se sentir de valor suficiente para morrer da mesma forma que o seu Senhor havia morrido. Cristo deu-lhe as chaves do Reino dos Céus e a responsabilidade de deixar entrar os que merecem recompensa...
Gosto muito dos festejos dos santos populares. São noites mágicas, vividas nas ruas com música e fogueiras, vinho e sardinhas, rusgas e cascatas, manjericos e alhos porros, tronos e fogo de artifício. Nestas noites, as cidades pertencem ao povo que nelas trabalha, vive, lhes dá corpo e alma... As cidades são das gentes humildes que tudo fazem para festejar com alegria merecida o seu santinho padroeiro, come-se, bebe-se e dança-se em qualquer lado porque os corações estão unidos como em nenhuma outra data. Até ao raiar do dia saltam-se fogueiras e o amanhecer encontra muitos corpos adormecidos na praia, vencidos pelo cansaço ou pelos excessos...
Na noite de S.Pedro, a minha cidade brilha de luz e alegria, há um cheiro quente e bom abraçando as ruas e quem passa pela estátua do santo, quase jura conseguir vislumbrar-lhe um bondoso sorriso velado... diz-se até que um observador mais atento consegue ver a sua mão abençoar os passantes e ouvir o tinir pesado das chaves que abrem as portas do Reino dos Céus...

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