domingo, 18 de maio de 2008

No fio da memória


Naquele dia, o sol dardejava já as últimas pinceladas de rubro, quando saí. Cá fora, uma temperatura amena, promessa do crescer dos dias, mimava-me a pele, amarrotada do sentir. Lembro-me bem que mal entrei no carro, desliguei o rádio e conduzia devagar, enquanto tentava gerir o tremor das mãos, o sorriso nos lábios e a lágrima fugitiva, teimosa testemunha da minha emoção. No silêncio possível, queria gravar os momentos, tatuá-los no peito para que o coração não os perdesse. As palavras, esqueci-as já... Só ficaram os gestos que mudaram tudo, que abriram quentes horizontes ao fundo da estrada estendida à minha frente e que o carro engolia vagarosamente no caminho de regresso.
E foi nessa altura que percebi com clara nitidez que nem sempre os sonhos são impossíveis...

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