
Não sei porque me lembrei hoje da história do Feiticeiro de Oz. Li o livro há muitos anos, quando era miúda e fascinou-me tanto que durante esse Verão reli-o várias vezes até que nenhuma frase me surpreendesse, nenhum pormenor me escapasse. Depois devolvi-o à Biblioteca Municipal e abandonei-o, esquecido num qualquer corredor da mente. Pelo menos julgava eu, porque hoje, inesperadamente, dei comigo a recordar a Dorothy, uma menina que tem como único amigo um cãozinho que desaparece durante uma tempestade e agora, como num filme, as imagens sucedem-se dentro de mim... Sem hesitar, Dorothy parte em busca do cão e quando o encontra e pretende regressar, verifica que também ela está perdida. Porque me lembrei disto hoje? Porque surgem com uma nitidez arrepiante as personagens insólitas deste conto magnífico? Recordo: havia um homem de lata que procurava um coração, um leão que desejava encontrar coragem, um espantalho que queria ter um cérebro e Dorothy, que desejava regressar a casa. Sem dúvida um estranho grupo de personagens que reúne os valores mais nobres do ser humano e simboliza a busca incansável de cada caminhante na viagem da vida. Só o Feiticeiro de Oz, que vive na Cidade das Esmeraldas, conseguirá ajudar Dorothy e os amigos a alcançarem os seus sonhos. A menina calça os sapatos de rubi da bruxa má morta e repete como um estribilho, ou uma canção, o aviso que lhe tinha sido feito: Basta seguir a estrada de tijolos amarelos.
Tendo em conta que Dorothy encontrou o seu lar e que as outras personagens descobriram que afinal o que elas procuravam estava dentro delas próprias, este parece-me um bom lema para o novo ano que daqui a poucas horas se inicia. Começar 2011 sem esquecer que muitas vezes o que procuramos desesperadamente aninha-se dentro de nós e que a solução está sempre nos nossos pés, nos passos que damos. Só temos que seguir a estrada de tijolos amarelos.
Talvez por isso, daqui a pouco calçarei os meus sapatos de rubi, os mágicos, que não me cansam os pés e darei o primeiro passo na longa estrada de tijolos amarelos. No peito tenho um rumo e guardo uma certeza: a felicidade mora em nós, difícil é não nos afastarmos da estrada que nos conduz ao coração. Ao nosso. E ao coração de quem amamos.
A todos os visitantes deste espaço, em 2011 desejo uma caminhada cheia de dias felizes. E se alguém se sentir cansado da viagem ou tiver o rumo perdido, fica o conselho que li há tantos anos num livro maravilhoso que hoje me assaltou a memória: Basta seguir a estrada de tijolos amarelos.
Um Feliz Ano Novo!