A cidade acordou triste, batida por uma chuva impiedosa e cinzenta que em rios de lama arrastava a poeira dos dias. O dia esteve frio e o vento gelado atirava a água em todas as direcções, parecendo rir um riso escarninho e demoníaco. E eu não gosto de vento. E também não gosto de chuva. Esta chuva invernosa e feia, molha-me a alma até aos ossos, atira-me para uma tristeza que nem sei bem porquê, me condiciona as reacções. Costumo dizer entre sorrisos que funciono a energia solar e talvez por isso, esta espécie de vazio que me assaltou quando acordei e abri a janela do meu quarto... Hoje vivi com as reservas, com a memória do abraço quente de um dia de sol, que me enche de energia, me faz feliz só porque sim. Enquanto isso, do outro lado do planeta, o mundo assistia fascinado ao único eclipse solar deste milénio. Este fenómeno deixa-me sempre encantada e revi as imagens, nos telejornais de todos os canais, até as saber de cor. Completamente absorta, vi o sol de um vermelho intenso, desaparecer atrás do negro disco lunar e ficar assim uns minutos... proporcionando momentos de rara beleza e inesquecíveis. O sol e a lua, frente a frente, mirando-se nos olhos como dois amantes apaixonados... e o mundo boquiaberto parou para ver aquilo que a ciência explica com precisão, mas o ser humano nunca conseguirá controlar.
Amanhã é outro dia... Dizem os meteorologistas que a chuva vai parar e o sol voltará a aquecer os dias.
Oxalá...
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