domingo, 15 de agosto de 2010

Da eternidade


devagar, o tempo transforma tudo em tempo.
o ódio transforma-se em tempo, o amor
transforma-se em tempo, a dor transforma-se
em tempo.

os assuntos que julgámos mais profundos,
mais impossíveis, mais permanentes e imutáveis,
transformam-se devagar em tempo.

por si só, o tempo não é nada.
a idade de nada é nada.
a eternidade não existe.
no entanto, a eternidade existe.

os instantes dos teus olhos parados sobre mim eram eternos.
os instantes do teu sorriso eram eternos.
os instantes do teu corpo de luz eram eternos.

foste eterna até ao fim.

José Luís Peixoto

6 comentários:

Anónimo disse...

O tempo é lento demais para os que esperam...rápido demais para os que temem...longo demais para os que sofrem...curto demais para os que celebram...mas para os que amam, o tempo é eterno.

Henry Van Dyke

LeChateau

Anna disse...

Gostei muito...!
Posso roubar?

Um beijo

Lídia Borges disse...

O tempo devora tudo numa pressa que confunde, que dispersa e atalha como um rio que tem sede de mar.

É o "teu" mar, sim... Nas minhas searas! :)

Beijinhos

Esperei por vós, sentada... ainda bem!

Anna disse...

Eu sabia Lídia, só na minha cidade o frio Atlântico tem um azul tão lindo e brilha tanto!
Desculpa teres-me esperado em vão... Ando a desfazer a casa para poder receber o Outono com serenidade.

Beijo enorme... saudades de ti :)

Olga disse...

Adoro este lugar!

Anna disse...

Obrigada, Olga.
Volta sempre :)