sexta-feira, 14 de agosto de 2009

A vida num sopro


Viver. Intensamente. Todos os dias. Andar descalça, correr atrás das ondas com algas enroladas nas pernas. Ouvir uma música e parar o tempo. Sentir um cheiro. Saborear uma pausa numa esplanada ao fim do dia. Sentir a brisa na pele do rosto. Beijar com paixão, abraçar com saudade, soltar com arrepio... A vertigem de uma lembrança secreta. Só minha. Escrever uma carta. Viajar para longe nas asas das palavras dos poetas. Entrar num texto. E ficar. Limpar uma lágrima. Gritar ao vento. Olhar à noite a lua vermelha de sonhos, mesmo que roubados. Prender um sorriso de sol no labirinto da memória. Desejo, em gestos lentos. Mergulhar no mar e abrir os olhos debaixo de água. Colher uma flor orvalhada. Andar à chuva. Sorrir, apesar de tudo. Perder-me no caminho. Uma palavra. Uma promessa. Uma loucura num impulso incontrolável. Esperar. Partir. Recomeçar. Acreditar. Dar porque sim. Sentir o coração descompassado em palavras há muito esquecidas. Sussurrar-te ao ouvido. Abraçar um filho. Caminhar de mãos dadas. Abrir uma janela e agarrar o vento nos cabelos. A calma. O silêncio. Deixar os olhos voar com as aves ao entardecer. Querer o avesso dos dias. Saborear a noite. Fechar os olhos para ver melhor. Sentir na pele. Amar. Incondicionalmente. Sonhar, sem medo da minha pequenez.
Porque a vida é um sopro... Viver. Intensamente. Todos os dias.

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