Às vezes apetece-me entrar dentro do teu peito e roubar-te essa tristeza que te derruba e te cala a vontade da vida. Apertar-te muito fundo nos meus braços e trazer-te de volta desse castelo de solidão onde te encerras e te perdes nas tuas próprias memórias, onde vais anoitecendo a cada dia, com os olhos apagados de luz e perdidos como céus de inverno. Queria conseguir dizer-te que os teus mortos não voltam e que os teus vivos choram todas as lágrimas que guardas no coração... Às vezes, como hoje, fujo de ti para que não ouças a minha dor, para não erguer mais degraus na infinita escadaria da tua tristeza. Eras tão bonita, tão alegre...! Naquele tempo, que a vida nos roubou, cantarolavas enquanto demoradamente te arranjavas para sair e eu sentada na tua cama, observava-te fascinada e conversava contigo em francês... E como hoje, tento descobrir em que momento da estrada da vida é que desististe, é que te desfizeste em mil estilhaços...
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