sábado, 27 de setembro de 2008

O poder das palavras


Tenho andado triste.
Descobri que afinal estava enganada e que aquilo em que acredito há tanto tempo, pode não ser a mais pura das verdades. E assumir isto assim, a sós comigo, dói que se farta, como uma ferida que tarda em cicatrizar e cuja dor não nos abandona os dias nem as noites. Está sempre ali, simplesmente ali, encostada a outras chagas, a outras dores, fazendo coro numa melopeia inquietante e medonha. E ando triste porque descobri que as palavras, que para mim são pontes, podem desabar e afastar-nos de quem gostamos. Num ápice, num rápido estalar de dedos, estremecemos as vidas e as amizades. Tudo porque as palavras não foram claramente ditas, ou correctamente entendidas, tudo porque não se edificaram seguramente as pontes. Mas, sabes, eu penso que os amigos não poupam as palavras, usam-nas à vontade, estendem-nas com segurança até aos lugares do coração, porque aos verdadeiros amigos isso é permitido. Só a eles. Eu não percebi as tuas palavras (mea culpa!) e tu deixaste-as cair... Talvez demasiado embrenhada em mim, debruçada sobre as minhas próprias dores, não te entendi... Mas talvez pior do que tudo isto, foi ter lido nos teus olhos que não me acreditavas, que me julgavas capaz de uma atitude cruel... me vias como um ser humano mesquinho e vil...
Agora nada mais há a fazer. A não ser, claro, tentar reconstruir o que ruiu e reerguer as pontes, palavra por palavra. Acredito que é possível... Acredito que os amigos, os amigos leais e verdadeiros, não guardam na alma rancores ou mágoas... mas abrem o coração ao recomeço e ao reencontro. Que pode ser com palavras. Porque não?

1 comentário:

Palavras Soltas disse...

Palavras que nos dizem e que nao sabem o quanto nos magoam..num dia tudo e bonito..tudo e fenomenal..e de repente de um dia para o outro tudo muda...Fazem nos acreditar em palavras ditas que para quem as disse nao teve significado algum...Palavras que marcam e regelam o coração...Porque?
Me pergunto tantas vezes..