terça-feira, 8 de janeiro de 2008

Direito de Resposta


Ouve-me. Mas ouve-me bem.
Tenho sido educada, mais paciente do que Job, vou tolerando o teu desprezo, o teu cinismo, mas ouve-me agora.
Dizes que escrevo mal, que tenho uma prosa simplória e uma lírica imatura... que sobrecarrego os atributos, sufoco os nomes, inverto a ordem dos complementos circunstanciais e assassino toda e qualquer oração adverbial... Dizes até que escolho mal os prosopoemas, os poemas e que são ridículos os excertos prosaicos que selecciono, absurdos os recursos estilísticos, as conexões sintácticas e a semântica das frases... que é previsível e pobre o meu jogo vocabular... que estafo até à exaustão as suspensões frásicas... Juras a pés juntos que não sei pontuar... Pois bem, ouve-me só desta vez: Não me leias. Não o faças porque ninguém to pede e eu agradeço-to. Porque insistes em ler-me?
Porque o fazes, todos os dias, como se eu fosse um ritual imposto cumprido religiosamente, clicando nos "Favoritos", engolindo os meus textos como um purgante intragável? Imagino-te num descontrolado impulso alcoviteiro, a espiares-me os grafemas, a passares-me a pente fino as sílabas, à espera de encontrares uma falha, como lobo vigilante em silenciosa emboscada...
No fundo, tu sabes que eu sei porque o fazes. Tens todo o direito, mas poupa-me às farpas, à língua viperina, ao veneno que destilas com inveja e desdém, ao vómito mal disfarçado de rancor. Poupa-me aos teus discursos sem plateia porque eu não te aplaudo.
Não é para ti que eu escrevo, por isso... não me leias!

3 comentários:

Rita disse...

A inveja é uma coisa tão feia...
Ninguém precisa de ler aquilo que não gosta, aquilo que não quer.
Eu leio, porque adoro o que escreves e recomendo, porque sei que qualquer um, com um mínimo de conhecimentos na área da escrita, saberá reconhecer o teu valor.
Beijinhos

Anónimo disse...

Um beijinho.

Anónimo disse...

Quem te disse isto?! Pessoa invejosa, infame,insensível e, desculpem-me o adjectivo directo e incisivo, má. Muito má. Alguém que, em vez de se regozijar, de se libertar,de se deliciar e de sonhar com aquilo que escreves, persegue-te! Alguém assim, só pode ser muito infeliz.E,coitada,não sabe o quão mal faz a inveja! Aos outros,mas, principalmente,ao própio. E, o que é, igualmente mal, senão pior, não usufrui e não partilha de tudo o que, de uma forma tão sublime tu ofereces aos teus leitores: bocadinhos da tua vida, pedacinhos de ti.

Um abraço ternurento, M.C.