Amor desta tarde que arrefeceu
as mãos e os olhos que te dei;
amor exacto, vivo, desenhado
a fogo, onde eu próprio me queimei;
amor que me destrói e destruiu
a fria arquitectura desta tarde
– só a ti canto, que nem eu já sei
outra forma de ser e de encontrar-me.
Só a ti canto que não há razão
para que o frio que me queima os olhos
me trespasse e me suba ao coração;
só a ti canto, que não há desastre
de onde não possa ainda erguer-me
para encontrar de novo a tua face.
Eugénio de Andrade, "Soneto" in Os Amantes Sem Dinheiro
4 comentários:
O nosso Eugénio
sempre na mesa de cabeceira
Bj
Sempre!
Beijo :)
Anna,
Apresente produção própria ou de ilustres convidados, o De Profundis é sempre garante de enorme qualidade. Obrigado.
Um beijinho :)
Obrigada, AC. Palavras que me deixam imensamente grata, vindas de alguém cuja escrita tanto admiro!
Um beijo
Enviar um comentário