quinta-feira, 21 de junho de 2012

Quando a estrada nos atropela



Gosto de estradas abertas, sem fim à vista, rasgadas junto ao mar, debruçadas no íngreme da penedia. Gosto do cheiro dessas estradas desertas e dos longos dedos do vento cheio de sal e de sargaço, tão forte, tão frio que me enche os olhos de lágrimas. Gosto de derramar o olhar no azul e encher os pulmões de maresia... E é sempre assim, quando vou caminhar: umas vezes atropelo a estrada, outras vezes a estrada atropela-me... 
Hoje fui caminhar numa dessas estradas, longe da cidade, longe dos surfistas e dos turistas, dos desportistas, do trânsito e do ruído, uma estrada feita de poeira branca e de silêncio. Hoje fui caminhar numa estrada que não tem fim, não tem tempo, não tem lugar, como quase todas as estradas... E quando voltei,  alguma coisa dentro do meu peito se tinha perdido em cada passo que dei, em cada música que ouvi, em cada lágrima que o vento me roubou... Alguma coisa ficou perdida e se transformou em espuma... Hoje fui caminhar numa estrada infinita e alguma coisa não regressou comigo.

1 comentário:

Anónimo disse...

Então? Perdeste a carteira?
;)