segunda-feira, 14 de maio de 2012

Que importa...?



Muitas vezes te esperei, perdi a conta,
longas manhãs te esperei tremendo
no patamar dos olhos. Que importa
que batam à porta, façam chegar
jornais, ou cartas, de amizade um pouco
- tanto pó sobre os móveis da tua ausência.

Se não és tu, que me importa?
Alguém bate, insiste através da madeira,
que me importa que batam à porta,
a solidão é uma espinha
insidiosamente alojada na garganta.
Um pássaro morto no jardim com neve.


Fernando Assis Pacheco, in A Musa Irregular

1 comentário:

Mar Arável disse...

Belíssima memória

de um sempre vivo