segunda-feira, 6 de março de 2017

O Lume nos Dedos


Acende os dedos, um por um
Concebe a tua mão assim luminosa
para que os tendões sejam tocados
e a nudez se mova lentamente
através das pálpebras.

Acende os dedos e os ombros
e respira a força interna de um nome
para que a água estale nos lábios.
Acende o lugar e a sombra
e mergulha o rosto no segredo do espelho.

Acende os dedos, um por um,
esses afinal os degraus que conduzem
à morada dos astros e das raízes.


Vasco Gato, "O Lume nos Dedos" in IMO

6 comentários:

Elvira Carvalho disse...

Um poema muito bonito que não conhecia.
Um abraço

Mar Arável disse...

Com os dedos acesos sai poema assim
sem a luz de um fósforo

Mar Arável disse...

Com mãos acesas
os dedos são fósforos
que alumiam
Bj

Anna disse...

Um abraço, Elvira.
Obrigada pela visita!

Anna disse...

Um abraço, Eufrázio :)

Maria Campos disse...

Este foi o dia onde mergulhei na perda. Seis de março de dois mil e dezassete - morada dos astros e das raízes.