segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

Contabilidade e balancete

É inevitável, quando um ano chega ao fim, pensar-se no que de melhor e de pior vivemos no arrastar dos meses. Comigo aconteceu ontem ao telefone, com uma amiga de quem sentia muitas saudades e com quem falei durante tempos infinitos entre risos, gargalhadas e disparates inconfessáveis... Quando ela me perguntou, respondi-lhe sem hesitar que o melhor de 2013 foi chegar ao fim, olhar em volta dos meus e contar o mesmo número de pessoas. Não perder ninguém foi o que mais tinha pedido na viragem do ano. Mas é só isso??? - perguntava ela, a morrer de curiosidade numa cusquice que acho encantadora. E continuava - Então e a Turquia? Os turcos? Ver o sol a nascer nas montanhas da Capadócia a bordo de um balão? Hem? Isso não foi super bom? - Sim, foi bom. Foi maravilhoso. E lá contei da simpatia dos turcos, dos seus sorrisos maravilhosos e dos olhos surpreendentemente azuis - tão belos! -, da forma como abrem as portas de casa e do coração aos visitantes a quem é um ponto de honra receber principescamente... Contei-lhe da sensação de andar descalça no lago de sal como se fosse sobre gelo, das planícies lunares e das paisagens áridas, estranhamente vermelhas, da cidade esculpida na pedra e das cidades subterrâneas, da comida e do chá bebido a toda a hora, das lindíssimas mesquitas e dos tapetes maravilhosos, das escolas que visitei e onde as crianças me receberam com a bandeira de Portugal nas mãos... Sim, a Turquia foi uma viagem inesquecível que me aconteceu este ano... Concordei com ela e deixei cair o assunto sem lhe contar que melhor do que a semana vivida na Turquia, mais importante do que isso, tinha sido a resposta que 2013 me trouxe a uma pergunta antiga que fazia a mim mesma  em silêncio, há mais de trinta anos. Este ano, a incógnita que me habitava desfez-se. Como por magia, a inquietude terminou, eu sei finalmente a resposta. Mas isto, claro, guardei para mim, na masmorra do inviolável castelo das minhas emoções e não lhe contei, porque a minha amiga não ia mesmo entender... E também porque há segredos que se mereceram habitar-nos durante uma vida, devem morrer connosco. A sós connosco.

4 comentários:

Rosa Carioca disse...

Passando para deixar um desejo de um Feliz 2014 e com esperança renovada.

Anna disse...

Muito obrigada, Rosa :)
Desejo um 2014 cheio só de coisas boas...!
Obrigada pela presença ao longo do ano neste meu humilde cantinho :)

Um beijo

Lídia Borges disse...


Hummm! Que bem contas!... (sem contar)
Até eu, que sou adversa a "cusquices", vou ficar aqui e matutar para ver se, não querendo saber da resposta, descubro a pergunta. ;)

Gosto dos teus pequenos/grandes "mistérios".

Beijo meu e um 2014 pleno de realizações. E, já agora, não vás meter-te em mais perguntas "agrestes".

Anna disse...

:)
Vou tentar, Lídia. Prometo. Mas tu sabes que eu sou uma criatura inquieta... :)

Um 2014 feliz para nós duas!

Beijos, muitos! E um abraço "apertadinho".