quarta-feira, 20 de novembro de 2013

Na sala dos espelhos


O comentário era anónimo e dizia apenas "Vê-te ao espelho. Vê-te com os teus próprios olhos". Depois tinha uma hiperligação que eu segui, não sei porquê, a medo. Sexto sentido, talvez... Coisa de mulheres, dirão alguns... Coisa de quem se expõe pela escrita, de quem se desnuda despudoradamente, diria eu. Fui. Segui o link e entrei num blogue com mais de setecentos seguidores, fundo negro como o meu, e com o meu título, grosseiramente traduzido. E então li-os, os meus textos. Despedaçados, retalhados alguns, feridos de morte, muitos... Reconheci-os imediatamente, alguns transcritos na íntegra, olhando-me com olhos tristes, as minhas palavras, as minhas frases, as coisas que vou sentindo e sonhando, até as minhas mais antigas memórias... Roubadas. As minhas palavras plagiadas, transformadas, já não minhas, afinal...
Os que me conhecem sabem que para mim o dinheiro nada vale. Uso-o para viver, ganho-o com honestidade e não ambiciono ser rica. Por isso, se me tivessem roubado dinheiro ou assaltado a casa, teria tido menos importância... Agora sei que há uma visitante algures, nesta rede imensa que é a internet, que entra aqui apenas para me espiar, para roubar o que aqui vou deixando nascer, numa atitude de puro desrespeito pela propriedade intelectual... E isso dói-me. Fundo.
Ao anónimo que me avisou, deixo o meu mais profundo reconhecimento. Graças a si, que me alertou, sei que alguém mascarado assina por mim os textos que eu escrevi. Mas a si, que me roubou tudo, não direi nada. As palavras são minhas, e você sabe. Você sabe que eu podia desmascará-la deixando os meus leitores verem com os seus próprios olhos o tanto que me tirou, expô-la ao ridículo, rir-me de si, mas sossegue, nada farei... As palavras são minhas. Ambas o sabemos. A mim isso basta-me. E agora vá em paz para o seu cantinho escrever coisas suas. Se calhar até consegue... E volte sempre que queira. Volte por bem.    

10 comentários:

R disse...

Infelizmente, este meio tem muita gente mesquinha, sanguessugas e stalkers abjectos...
Ignora, pois ao fim do dia, representas um portento de originalidade e essa personagem, não passa de uma cópia, de um plágio repleto de carências existencialistas.

Anna disse...

Grata pelas palavras, Eros :)
Já passou a sombra mais negra...

Beijo

Anónimo disse...

Para mim será sempre a "Stora" que gostaria de ter tido quando passei pelos bancos da "Eça". Confesso que este é o recanto mais inspirador que visito na blogosfera.E como não aprecio contrafação...

Sorria, Anna. Inspire, inspire-se e brinde-nos com toda essa poesia que carrega no peito.

Gosto muito de a ler. Gosto muito de a visitar. Gosto muito de Si.

Continue.

"Carissimo" ;)

Anna disse...

Eu teria de certeza gostado de ter sido sua stora, Caríssimo. Os alunos irreverentes, os provocadores, são inesquecíveis para qualquer professor.
Agradeço profundamente as suas generosas palavras e o mimo com que me brinda...
Também gosto muito de si. Caríssimo.

Um beijo

Lídia Borges disse...


Ignora amiga!
São pobres de espírito e ricos de malfazer.

Um abraço

Dia 30. Não te esqueças. :)

Beijo

Anna disse...

Já ignorei, Lídia.
E dia 30, como poderia eu esquecer-me...? Como????!!!

Beijo, bom fds :)

Anónimo disse...

Anna, ela sabe,você sabe, nós sabemos e isso já basta.
Escreva e ajude-a com a sua inspiração.
No fundo da nossa alma existe algo que é só nosso e isso ninguém nos pode "roubar".
O mote que nos leva a escrever é tão intimo, tão pessoal, que ninguém pode partilhar desse momento.
É um momento muito solitário e profundo, só nosso e aos outros deixamos apenas a breve brisa das nossas palavras e do nosso sentimento.

Um abraço.
Eduardo

Anna disse...

Eduardo,

Muito obrigada...!

Um beijo

deep disse...

Infelizmente, há pessoas assim, sem qualquer pudor de fazer passar por seu aquilo que não lhe pertence.
O melhor mesmo é, como já aqui referiram, ignorar.

Anna disse...

É exatamente isso, Deep.
:)