quinta-feira, 25 de abril de 2013

O grito do lobo



não me fales mais
dessa solidão de papel

eu ainda tenho a sede das oliveiras
a paciente sede
dos rios que nunca chegam
dos rios avistados
que não se podem tocar

eu ainda tenho a dor da terra queimada
a fortíssima dor
das chuvas que não voltam
das raízes que morrem
sem poder gritar

o teu nada
é só mais um perfume!

e eu
eu tenho sangue na voz
tenho no peito o grito do lobo
a imensa tristeza de uma lua
que o céu não quis

gil t. sousa

4 comentários:

Mar Arável disse...

Nascemos com um grito

de liberdade

Anna disse...

Tantas vezes abafado, Eufrázio...

Um beijo, bom fds :)

Lídia Borges disse...


Gosto disto!

O que é um grito de papel se temos ao longe uma seara sem pão?

Um beijo

Anna disse...

Um grito é sempre um grito... É sempre uma voz que tantas vezes, só nós ouvimos...

Um beijo, Lídia.