sábado, 7 de julho de 2012

Palavras de água



Fechei-me dentro dos muros
onde o meu corpo não cabia
contente de ser prisioneira
do cárcere que eu transcendia.

E fui no vento que tudo
tudo o que havia varria,
contente de ser mais veloz
que o vento que me impelia.

Fiquei suspensa dos ramos
que os meus cabelos prendiam
contente de ser o destino
da árvore em que me fundia.

E dei-me como leito às águas
dos sonhos que me transcorriam
contente de ser o curso
da água em que me esvaía.

Natália Correia, "Superação" in O Sol nas Noites e o Luar nos Dias



1 comentário:

Rosa Carioca disse...

Lindo poema!
Bela música!