segunda-feira, 17 de julho de 2017

Todas as histórias são iguais


Agora que as palavras secaram
e se fez noite
entre nós dois,
agora que ambos sabemos
da irreversibilidade
do tempo perdido,
resta-nos este poema de amor e solidão.

No mais é o recalcitrar dos dias,
perseguindo-nos, impiedosos,
com relógios,
pessoas,
paredes demasiado cinzentas,
todas as coisas inevitavelmente
lógicas.

Que a nossa nem sequer foi uma história
diferente.
A originalidade estava toda na pólvora
dos obuses, no circunstanciado
afivelar
dos sorrisos à nossa volta
e no arcaísmo da viela onde fazíamos amor.

Eduardo Pitta, in Marcas de Água

8 comentários:

Elvira Carvalho disse...

Um poema muito belo, de um poeta que não conhecia.
Um abraço

Anna disse...

Um abraço, Elvira :)

Jaime Portela disse...

Pois, com princípio, meio e fim...
Mas o poema é magnífico, não conhecia.
Bom fim de semana, Anna.
Beijo.

Anónimo disse...

Viajei. Para longe. Trouxe comigo as suas "Sete Estórias do Vento Salgado" , pedaço da terra e das gentes que deixei...de quando em vez venho até aqui à procura de outras estórias e nada...eu sei que não tenho legitimidade para exigir, mas...e se eu pedir com muito jeitinho?... ;) Vá lá "Stora" não nos prive das suas palavras e da forma como os seus olhos vêm o mundo...
Respeitosos beijinhos ;)

Anna disse...

Um abraço, Jaime.

Anna disse...

Justiça seja feita, pediu com tanto jeitinho, Caríssimo...
Beijo meu :)

Mar Arável disse...

No rescaldo de um fósforo

Anna disse...

Abraço, Eufrázio.