É nesse ponto
de tuas coxas
que o meu pescoço
implora a forca
Mas dás-lhe o trono
da luz da sombra
num sorvedouro
de rosas roxas
Agreste gosto
de húmida polpa
o que dissolvo
dentro da boca
Eis num renovo
mágica força
Rei me coroo
em tuas coxas
David Mourão-Ferreira, "XXII"
in O Corpo Iluminado
4 comentários:
Ó Stora!?!?!? Assim você me mata...
Num impudor de estátua ou de vencida,
coxas abertas, sem defesa... nua
ante a minha vigília, a noite, e a lua,
ela, agora, descansa, adormecida.
Dos seus mamilos roxo-azuis, em ferida,
meu olhar desce aonde o sexo estua.
Choro... e porquê? Meu sonho, irreal, flutua
sobre funduras e confins da vida.
Minhas lágrimas caem-lhe nos peitos...
enquanto o luar a numba, inerte, gasta
da ternura feroz do meu amplexo.
Cantam-me as veias poemas nunca feitos...
e eu pouso a boca, religiosa e casta,
sobre a flor esmagada do seu sexo.
Cântico de José Régio
;)
Caríssimo,
Tal como o de Mourão-Ferreira, uma obra prima da literatura erótica portuguesa, este poema de Régio.
Muito obrigada pela evocação e parabéns pelo bom gosto e cultura literária :)
Ó Stora!!!! Depois do seu elogio (...bom gosto e cultura literária...) não resisto a pavonear-me mais uma vez:
Amar dentro do peito uma donzella;
Jurar-lhe pelos céus a fé mais pura;
Fallar-lhe, conseguindo alta ventura,
Depois da meia-noite na janella:
Fazel-a vir abaixo, e com cautela
Sentir abrir a porta, que murmura;
Entrar pé ante pé, e com ternura
Apertal-a nos braços casta e bella:
Beijar-lhe os vergonhosos, lindos olhos,
E a bocca, com prazer o mais jucundo,
Apalpar-lhe de leve os dois pimpolhos:
Vel-a rendida emfim a Amor fecundo;
Dictoso levantar-lhe os brancos folhos;
É este o maior gosto que ha no mundo.
Soneto do Prazer Maior de Bocage (Manel Maria, para os amigos)
;)Sorriso corado...
Sim, também gosto muito de Bocage...!
Obrigada pelo poema, Caríssimo :)
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