Quando abriu os olhos, Tomasa pensou que amava Octávio com a irrealidade que torna todas as coisas possíveis e que, no fundo, nunca precisara de tempo nem de espaço, porque aí onde o guardava, no meio de uma paisagem muito azul e muito meiga, o tempo e o julgamento dos homens não tinham a menor importância. (...) Depois fechou os olhos e sentiu uma lágrima a rolar-lhe pela face. Permaneceu imóvel e quase pôde ouvi-la rebolar na sua pele, lentamente, como se fosse uma pérola caída de um colar. Então pensou que nunca uma lágrima lhe parecera tão bela, tão redonda e tão perfeita.
- Sabes quanto pesa uma lágrima, Octávio? O peso de toda a saudade que tenho de ti - murmurou.
Sofia Marrecas Ferreira, O Sangue da Terra
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