Nos teus olhos alguém anda no mar
alguém se afoga e grita por socorro
e és tu que vais ao fundo devagar
enquanto sobre ti eu quase morro.
E de repente voltas do abismo
e nos teus olhos há um choro riso
teu corpo agora é lava e fogo e sismo
de certo modo já não sou preciso.
Na tua pele toda a terra treme
alguém fala com Deus alguém flutua
há um corpo a navegar e um anjo ao leme.
Das tuas coxas pode ver-se a Lua
contigo o mar ondula e o vento geme
e há um espírito a nascer de seres tão nua.
E de repente voltas do abismo
e nos teus olhos há um choro riso
teu corpo agora é lava e fogo e sismo
de certo modo já não sou preciso.
Na tua pele toda a terra treme
alguém fala com Deus alguém flutua
há um corpo a navegar e um anjo ao leme.
Das tuas coxas pode ver-se a Lua
contigo o mar ondula e o vento geme
e há um espírito a nascer de seres tão nua.
Manuel Alegre, in Sete Sonetos e Um Quarto
6 comentários:
lindo.
Quero escrever assim. Quem sabe eu consiga em agosto, julho está acabando.
Como é bom ler bons poemas!
Obrigada, Rosa :)
Beijo
Bom dia!
soneto deveras interessante no que toca ao esquema muito particular de rimas que tem.
Obrigado por ter-me dado a conhecer o nome deste autor, buscarei por outros sonetos dele.
Saudações poéticas,
André
Olá André :)
Que bom que gostou de Manuel Alegre...! É um dos meus poetas preferidos, com uma obra poética que é um hino à liberdade, à mulher e ao mar.
Volte sempre :)
Saudações poéticas retribuídas!
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