Às vezes é verão dentro da minha memória e o tempo não tem pressa nas horas deitadas fora sem sentimentos de culpa. E ouço a tua voz. A doce melancolia da tua voz, a abrir sulcos no pântano da saudade que sempre escorre em mim. É igual ao que sempre foi, lembrando-me das coisas que foram e ainda das que hão de vir. Não sei bem porquê, este estio seco a rasgar lembranças, assim tão de repente. Sei que é verão e nos poemas da tua boca tens ainda os lábios húmidos, abertos no sal de um eterno sorriso. O mesmo sorriso suspenso, paralizando os ponteiros. O mesmo sorriso com que me juraste tudo, o mesmo sorriso com que me prometeste tanto.
6 comentários:
Parabéns Anna!
Um texto fantástico com uma frase final belíssima.
LeChateau
Há tanto sal na tua poesia!... Salitre que seca a alma na lembrança e na sede de um sorriso.
Deixo o meu abraço carinhoso
Lídia
Ana Paula
A mémória é, tantas vezes, um mar que nos abraça, que absorve de nós o sal e fortifica a raiz.
Existe sempre dia e noite dentro da memória, embora os nossos olhos a vejam, com a dimensão de uma nova e diferente claridade.
Um beijinho
Obrigada, LC. :)
beijo
Também te abraço, Lídia :)
Beijo
Obrigada pelas palavras, Maria João :)
Beijo e saudades
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