sábado, 18 de janeiro de 2014

Palavras de Amor

 
Meu amor meu amor
meu corpo em movimento
minha voz à procura
do seu próprio lamento.

Meu limão de amargura meu punhal a escrever
nós parámos o tempo não sabemos morrer
e nascemos nascemos
do nosso entristecer.

Meu amor meu amor
meu nó e sofrimento
minha mó de ternura
minha nau de tormento

este mar não tem cura este céu não tem ar
nós parámos o vento não sabemos nadar
e morremos morremos
devagar devagar.

José Carlos Ary dos Santos, "Meu amor, meu amor" in Obra Poética

2 comentários:

Anónimo disse...

Que poema! Mas essa imagem do passarinho suportando o frio está muito triste. Toda vez que aqui venho espero outra encontrar.

Anna disse...

O poema é maravilhoso, sim... E a imagem, apenas uma metáfora, é a que ilustra este espaço na perfeição. Tenho pena que não lhe agrade, mas é a minha escolha por agora... :)