Olhos baixos, o médico escutou tudo, sem deixar de escrevinhar num papel. Aviava já a receita para poupança de tempo. Com enfado, o clínico se dirigiu ao menino:
- Dói-te alguma coisa?
- Dói-me a vida, doutor....
O doutor suspendeu a escrita. A resposta, sem dúvida, o surpreendera. Já Dona Serafina aproveitava o momento: Está a ver, doutor? Está ver? O médico voltou a erguer os olhos e a enfrentar o miúdo:
- E o que fazes quando te assaltam essas dores?
- O que melhor sei fazer, excelência.
- E o que é?
- É sonhar.
Mia Couto, "Sonhar" in O Fio das Missangas
O doutor suspendeu a escrita. A resposta, sem dúvida, o surpreendera. Já Dona Serafina aproveitava o momento: Está a ver, doutor? Está ver? O médico voltou a erguer os olhos e a enfrentar o miúdo:
- E o que fazes quando te assaltam essas dores?
- O que melhor sei fazer, excelência.
- E o que é?
- É sonhar.
Mia Couto, "Sonhar" in O Fio das Missangas
6 comentários:
Imagem fabulosa! Os poemas, lê-los-ei mais tarde.
Felicitações pela qualidade do blog!
não sei o que é mais bonito: o menino, os sonhos e até a dor.
Na verdade.
Dois gatos.
Bj
Eu desconsegui de sonhar...
Obrigada, Jorge!
Volte sempre que queira :)
Um abraço, Eufrázio :)
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