terça-feira, 11 de junho de 2013

O (meu) mar...

 
O mar. O mar novamente à minha porta.
Vi-o pela primeira vez nos olhos
de minha mãe, onda após onda,
perfeito e calmo, depois,

contra falésias, já sem bridas.
Com ele nos braços, quanta,
quanta noite dormira,
ou ficara acordado ouvindo

seu coração de vidro bater no escuro,
até a estrela do pastor
atravessar a noite talhada a pique
sobre o meu peito.

Este mar, que de tão longe me chama,
que levou na ressaca, além dos meus navios?



Eugénio de Andrade, "XXIV" in Branco no Branco

2 comentários:

Mar Arável disse...

Assim se respira por guelras

todos os azuis

Anna disse...

Assim se ouve o coração de vidro de todos os oceanos a bater no escuro.

Beijo, Eufrázio :)