do teu corpo: cabelos, lábios, ombros, seios,
até o ventre, e o que entre as coxas se esconde.
Escrevo-as devagar, como se lhes tocasse; e
cada uma delas é como um espelho, de onde
se libertam as tuas mãos, os dedos, um joelho,
olhos que beijo num murmúrio de segredos.
E pedes-me significados, símbolos, primeiros
e segundos sem idos. Não te sei dizer senão que
corpo é o teu corpo, centro um secreto umbigo,
pele a mais branca neve no horizonte desta
subida leve. Se me estendes os braços, entro
num abrigo de floresta: se me abres os ramos,
é na mais doce gruta que entramos.
Precipitam-se sinónimos, adjectivos sem
objectivo, pronomes enfáticos e possessivos,
sílabas perdidas na falésia do desejo. Mas
fecho o livro. Estou farto de palavras, é a ti
que eu quero. E faço-as voltar até de onde
nasceram: cabelos, lábios, ombros, seios, até
o ventre, e o que entre as coxas se esconde.
Nuno Júdice, Dicionário
7 comentários:
Tenho cá para mim que com este frio a rapariga da foto se vai constipar...
Perdi-me ,de extase , na leitura do text...uma delícia,...
Agradeço, de coração tua ternura em teus comentários. Obrigada e um beijo imenso.
BS
Obrigada BlueShell, pelas palavras que pude ler no teu cantinho.
Um bom fim de semana,
Beijo
Venho desejar apenas uma boa noite. Bj
BS
Obrigada BlueShell, uma boa noite também para ti :)
Beijo
O amor tem tantas expressões. E cada uma tão singular, na forma de a viver, de a sentir e de a dizer. Do esforço constantemente inacabado, de tentar dizer aquilo que é indízivel, surgem poemas assim. Deliciosas viagens para dentro dos sentidos, onde a sensibilidade e o erotismo nos abrem portas de puro deleite poético. A tocar o intocável...
Lindíssimo!
Um beijinho grande, Paula. Bom domingo
Maria João, são as palavras mais belas... e alguém conseguiu escrevê-las :)
Bom domingo, querida.
Abraço apertadinho...
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