Quando a vida me dói mais, calço as sapatilhas e levo o meu corpo à beira-mar. Somos só nós, eu e o meu corpo gelado de vento, cansado do tempo, o meu corpo caminhando, com os olhos cheios de azul e a boca a saber a sal. Com o meu corpo correndo, fujo de mim, das vozes e das sombras, das faltas e das sobras, das dores e das horas. Quando a vida me dói mais, só posso fugir pelo meu corpo que se esgota até à exaustão, para me permitir regressar a mim. E lembro-me sempre do Apolinnaire, que fala das sete portas do corpo de uma mulher. Talvez ele tivesse razão... Mas o meu corpo não tem portas, como o mar. Tão infinito quanto ele.
1 comentário:
Já vi que és uma mulher do norte...
Só aí é que usam "sapatilhas" em vez de "ténis"...
E também comem "magnórios" em vez de "nêsperas"???
;Bou ali tomar um cimbalino
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