Descasco lentamente os gomos da memória... Com gestos de ternura tiro-lhes a casca e a pele e deixo-os então nus entre os meus lábios, como se fossem um fruto sangrando sumo. Viajo por fotografias antigas, os olhos como veleiros à bolina, navegando suspensos só naquilo que quero hoje recordar... A realidade confunde-me o norte e perdi-me já em tempos difusos, em minutos esbatidos que se desfazem no desmaiar poderoso da sétima vaga em que te recordo...
Preciso de ti. Preciso que me ajudes a encontrar a nitidez... Porque já não sei, já não me lembro se um tempo houve em que me beijaste a boca, ou se essa lembrança é um erro gravado nos negativos das fotografias da minha memória.
6 comentários:
Não, linda, não é um erro.
Há tempos assim, de neblina ... onde parece que a luz, a cor, ficou lá atrás.
Logo encontrarás, aliás, encontrar-se-ão na nitidez !
É só agarrar na memória e puxá-la para o dia de agora !...
Beijoca minha doce romântica.
Romântica sim, Maria... E há coisa mais maravilhosa do que o Amor?
Beijo, bom fds :)
A memória que refaz, nas dobras do tempo, as marcas que imprimiu no coração. Sempre de acordo com o que é nosso desejo.
A minha memória é a lembrança que quero ter das coisas, mas sem que disso me perceba.
Lindo, o teu texto!
Beijo meu!
Obrigada, Lídia :)
Beijo
Deixe lá, dia 1 é dia dos enganos, por isso é natural que esteja tudo ajustado... mais, se as memórias são pouco nítidas, é porque na altura as marcas foram insuficientemente significantes... não estará enganada agora, estava concerteza enganada na altura.
Quanto á confusão no norte, é apenas brincadeira do destino, pois o norte é realidade, e uma coisa não se confunde consigo própria... vai passar...o tempo só não cura as marcas claras indeléveis e profundas...
Caro Anónimo, muito obrigada pela sua visita e pelas palavras que deixou.
Volte sempre :)
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