Sentas-te à minha frente e a tua sombra interrompe-me o poema. Tiro os dedos do teclado e toco-te a mão, tão longe da minha, tão impossível de alcançar... Prendo-me aos teus olhos e precipito-me em queda livre no fundo dos dias esbatidos pela distância... Tu sorris-me daí, desse sítio onde te vejo, talvez, afinal, só dentro de mim. Tens o sorriso mais belo do mundo. E os teus olhos dizem anda e eu entro contigo no Land Rover, sento-me no teu colo e tu conduzes devagar, o jipe levantando uma nuvem de poeira vermelha, o ar seco e quente preso à nossa pele... Mostras-me o rasto dos bichos e as árvores enormes cheias de pássaros, bebemos uma limonada gelada pelo gargalo da garrafa e eu sujo o meu vestido branco bordado pela mamã... Tu não deixas de sorrir nunca, e abraças-me com força, prendes-me a ti, enrolas os teus dedos nos caracóis do meu cabelo e chamas-me pequerrucha...
O poema voltou. Os dedos regressam às palavras, o peito abre de par em par as portas de todas as memórias, mesmo as mais longínquas... Só tu não estás mais aqui.
12 comentários:
Abraço-te!...
Ainda que me tenhas deixado esta lágrima teimosa a bailar nos olhos
L.B.
Obrigada pelo abraço, Lídia... Precisava tanto dele...!
Um beijo
Eu também deixo apenas um abraço em silêncio e uma lágrima que teimosamente assoma aos meus olhos.
O meu pai também foi.
Sonhadora
Amiga!
E a lágrima que se atrasa nos meus, estourou como se se abrisse a comporta!`
Sinto a sua saudade...eu não consigo ultrapassar a minha!
De tanta ternura e tanta beleza, deixo-lhe a minha admiração! Com uma "lágrima teimosa"
e um abraço!
Um abraço para si também, Sonhadora. E obrigada pela partilha.
Um beijo
Manuela, obrigada pelas palavras sentidas... Deixo um abraço pela sua perda e todo o meu carinho.
Um beijo
Falemos de poesia !
Teu texto é lindissimo. Consegues tornar belo o que é doloroso.
O resto, a falta a saudade, a ausência, esta...
Que te posso dizer ?
Um dia, longínquo, todos nos juntaremos num paraíso lindo e pacífico !
Entretanto, esquece as recordações que te fazem sofrer.
E relembro-te algo que talvez já te esquceste.
Está quase, está chegando.
Andiamo à Roma !
Maria querida, obrigada pelas tuas palavras :)
(...) Recordar o meu pai não me faz sofrer, pelo contrário... E tenho a estranha teoria de que ele está sempre perto de mim... ou dentro de mim, se preferires...
Quanto a Roma, que posso eu dizer?????? Já comecei a fazer a mala... e comprei o Xanax para conseguir entrar no avião :)
(Seguras-me na mão?)
Beijos, muitos!!!
A mão, o pé, se preciso até te levo ao colo...
E para registrar tudo, não te esqueças da tua linda máquina cor-de-rosa...
Maria, a mão basta para me acalmar... E a minha lindíssima máquina já está prontinha para trabalhar incansavelmente! :)
Bom quando ainda resta a alegria de lembrar. Saudade é o amor que fica.
bj
Sónia, já nada tenho além de memórias... e tenho um medo terrível de as perder.
Beijinho :)
Enviar um comentário