Estranho tanto este meu cansaço...! Agarrou-se-me à pele com as garras dos dias e não me larga, não me dá sossego... Ata-me os gestos, prende-me os dedos quando buscam as palavras, fecha-me os olhos, a boca, cala-me para o mundo... Ergue muros de silêncio e montanhas escuras de melancolia que me deixam uma estranha vontade de ser invisível... É tão velho já, este meu cansaço! E no entanto estranho-o ainda... Caminha comigo há muitos meses, há anos talvez, e não se compadece de tanta leitura que tem de ser feita, de tanto texto a precisar de ser escrito ou da lucidez da minha memória... Não, este meu cansaço joga comigo jogos estranhos, esconde-me as chaves, troca-me as horas, prende-me os passos e leva-me o sono e a serenidade. Faz-me falhar. Faz bater mais assustado o meu coração. É um cansaço atrevido, que ri das minhas quotidianidades e amortece pedaços da minha alegria... Como se entre eu e o mundo, erguesse cortinas de névoa que me turvam o olhar. Que me distanciam da vida... que me encerram em mim... no mais longe e fundo de mim...
Ando cansada... Ando tão cansada... Ando tão estranha neste cansaço...
3 comentários:
Sufocante, o teu cansaço! Conheço-o também, mas nunca seria capaz de o dizer com tanta precisão.
Ainda que nos limite nunca nos há-de parar, eu sei!
Beijinho
Um beijo enorme, Lídia :)
Muitas, muitas Felicidades!!
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