sexta-feira, 12 de janeiro de 2018

Na Mágoa Maior do Tempo


Fica ao menos o tempo de um cigarro, evita
comigo que este tempo ande. Lá fora são
as casas, vive gente à luz de um candeeiro,
o som que nos chega apagado pela distância
só denuncia o nosso silêncio interrompido.
Ajuda-me, faremos o inventário das coisas
menos úteis, mágoas na mágoa maior do tempo.
Fica, não te aproximes, nenhum dia
é menos sombrio, quando anoitecer vamos ver
as árvores cercando a casa.

Helder Moura Pereira, in Entre o Deserto e a Vertigem

2 comentários:

Elvira Carvalho disse...

Um poema emocionante.
Abraço e bom fim de semana

Anna disse...

Um abraço, Elvira!