E depois, o tempo. A música ao longe, dentro dos ouvidos, ecoando ininterruptamente nas escadas dos dias: A vida é sempre a perder... - não é assim que diz a canção?
Contava-te, não me esqueci: o tempo. A rir-se de nós, das nossas ideias inocentes de que o amor e a amizade são mais fortes do que o afastamento. Do que a morte. Mas - dizia eu -, o tempo. Esse sábio professor: o tempo. A provar que não há dor maior do que a do afastamento. E não, não falo de distância física... É da outra que eu falo, da distância daqueles que defenderíamos com unhas e dentes, daqueles que amamos mesmo, mesmo, só porque sim, apesar dos defeitos, das imperfeições, das escolhas erradas. Falo dos amigos que amamos na cegueira das semanas, dos meses, dos anos, daqueles que contamos sempre quando contamos a família, daqueles cujo nome dizemos dentro de nós no momento em que sopramos as velas do bolo no nosso aniversário. É desses de quem eu falo. Dos que nos fariam mover montanhas, se preciso fosse. Mas depois, o tempo. Um dia, sem o esperarmos, o afastamento - e alguém deixa de dizer o nosso nome, deixamos de contar na lista de presenças do coração.
A vida é sempre a perder... - dizia-te. E percebemos que estamos sós, quando na lista do nosso coração, ninguém responde à chamada. Porque ninguém nos ouve, ninguém nos vê - pois, vê lá tu, por causa do tempo...
8 comentários:
A morte não existe
para os que não deixamos morrer
E não há tempo mais forte do que o amor.
só porque sim...
um sim a depender da morte, pequeno e tão forte.
Tínhamos saudades de "ouvir" a sua voz... Tão bons, estes textos que jorram daí de dentro.
Um sim contra a morte, digo eu.
Também já tinha saudades de "ouvir" os seus passos, ORPHEU.
Abraço.
Ainda que se não oiça, deveria sentir-se!
Um beijo meu!
Lídia
Sentido, Lídia.
Beijo :)
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