Observo-te. Como um deus antigo que não sabe
escrever.
Os deuses, meu amor, não sabem escrever
porque não precisam. Para isso criaram os poetas,
os inquietos escribas do amor.
Os que há milhares de anos
continuam a beber e a fazer canções para acompanhar
a bebida.
E tratam das palavras como das rosas, e os poemas
como terra perfumada para dar mais vida à vida. E acordam
a água, sussurrando um nome de mulher. Porque o poeta
não é só um poeta, é também um homem, um amante comum,
com um amor comum e uma dor comum.
O poeta acredita, meu amor, que só um deus não é analfabeto:
aquele que sabe escrever até por linhas tortas.
escrever.
Os deuses, meu amor, não sabem escrever
porque não precisam. Para isso criaram os poetas,
os inquietos escribas do amor.
Os que há milhares de anos
continuam a beber e a fazer canções para acompanhar
a bebida.
E tratam das palavras como das rosas, e os poemas
como terra perfumada para dar mais vida à vida. E acordam
a água, sussurrando um nome de mulher. Porque o poeta
não é só um poeta, é também um homem, um amante comum,
com um amor comum e uma dor comum.
O poeta acredita, meu amor, que só um deus não é analfabeto:
aquele que sabe escrever até por linhas tortas.
Joaquim Pessoa, "Poema nonagésimo quarto" in Guardar o Fogo (Texto com supressões)
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