segunda-feira, 9 de junho de 2014

O peito às balas

 
O peito às balas... E é assim que quero, hoje. Cai o sol em estilhaços, desfaz-se em cacos de luz à altura dos meus ombros, tens-me na mira certa, um grande plano, para não falhares. Matar ou morrer, tantas vezes na vida. Eu não sei matar, não farei essa jogada, nunca tive essa carta na penumbra dos meus olhos.
Dispara. Atira-me a palavra que guardas escondida nos gestos, que disfarças, para que eu não a veja na dobra da luz caída. Não temas - não falharás o meu peito iluminado por um sol de vidro.
Dispara. É assim que quero morrer: na ponta da palavra que me lanças neste entardecer áspero.
Só depois poderei sair voando, de asas abertas, pela janela dos teus olhos.   

4 comentários:

Manuel Veiga disse...

assim no fio da navalha...
ou dando o corpo às balas - inteira!...

se conhecem as Mulheres ( e alguns Homens)

grato por te dares a conhecer.

beijo

Anna disse...

Há muito que sou visitante silenciosa do teu espaço e admiradora da tua escrita. Espero poder ler em breve os "Poemas Cativos" de que, para já, vou conhecendo apenas retalhos...

Um beijo

Lídia Borges disse...


Entendo! Há dias assim em que a luz, como morta, jaz fragmentada...
Ou tudo ou nada!

Beijo

Anna disse...

Saudades de ti, Lídia... Olha, para a semana vou passar um dia inteiro contigo, posso???

Beijo