Que dias há que na alma me tem posto/ um não sei quê, que nasce não sei onde,/ vem não sei como, e dói não sei porquê. - Luiz Vaz de Camões
quarta-feira, 19 de março de 2014
Um Segredo
Meu pai tinha sandálias de vento
só agora o sei.
Às vezes parecia-me uma águia que atravessa os ares
sulco azul (...)
Meu pai era um homem com as nostalgias
do que nunca acontecera e isso minava-o (...)
E então sei-o agora calçava as ágeis sandálias
indo de acaso em acaso de astro em astro
eram de vento as suas sandálias fabulosas
levando-o aonde mais ninguém poderia chegar.
Os outros não o sabiam nem eu o sabia.
Um segredo simples:
o que sentiste pai
sinto-o eu agora por ambos
sinto-o por ti
sinto-o por mim.
Fernando Namora, in Nome Para Uma Casa (Texto com supressões)
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5 comentários:
O silêncio de um pai, o segredo de um filho.
Um dia o meu pai pediu-me um segredo, um simples segredo, guardei-o para sempre.
Ele e a minha mãe tinham acordado "naquele mistério", uma trama, para saberem se eu era confiável, de confiança...
A minha mãe a mando do meu pai perguntava-me:
-Não tens nada para me contar?
-Não! Respondia-lhe com segurança e sem hesitar.
Tinha sete anos.
Senti naquele momento que um segredo tem a dor do silêncio, mas tem em simultâneo a dignidade da confiança.
Hoje sei que um "segredo" é um peso e a confiança, é uma "leveza".
Eduardo.
Feliz dia do pai, apenas as boas memórias...
Eduardo
Até sempre
Bjs
Os segredos devem morrer connosco...
Obrigada, Eduardo :)
Um beijo, Eufrázio.
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