Às vezes vens no rasto da chuva, de mansinho, como a sombra macia de um entardecer tranquilo. Escorres-me pelos beirais do coração, pousas feito ave no peitoril de uma janela do meu peito que deixei ainda aberta por esquecimento ou descuido... E ficas. Permaneces no meu abrigo enquanto a chuva cai, fazes-te poema dessa líquida canção divina... Depois bates as asas e voas para longe, de novo. E eu, que não nego o voo às aves, deixo-te ir.
Da tua vinda fica apenas a inquietude apertada do silêncio em que me embrulho, uma qualquer pena caída que como um finíssimo estilete ou um punhal de aço, me deixaste enterrada na voz.
4 comentários:
Rastos (aparentemente) ingratos, mas rastos de vida. Não será a vida, no fundo, a filtragem de múltiplas partidas e chegadas?
Texto muito belo, Anna.
Beijo :)
Um poema feito de líquidas emoções.
Transparente, cristalino!
Beijo
Obrigada, AC.
Bom domingo, beijo :)
Ou a chuva não fosse água, Lídia :)
Beijo, bom domingo!
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