O comentário era anónimo e dizia apenas "Vê-te ao espelho. Vê-te com os teus próprios olhos". Depois tinha uma hiperligação que eu segui, não sei porquê, a medo. Sexto sentido, talvez... Coisa de mulheres, dirão alguns... Coisa de quem se expõe pela escrita, de quem se desnuda despudoradamente, diria eu. Fui. Segui o link e entrei num blogue com mais de setecentos seguidores, fundo negro como o meu, e com o meu título, grosseiramente traduzido. E então li-os, os meus textos. Despedaçados, retalhados alguns, feridos de morte, muitos... Reconheci-os imediatamente, alguns transcritos na íntegra, olhando-me com olhos tristes, as minhas palavras, as minhas frases, as coisas que vou sentindo e sonhando, até as minhas mais antigas memórias... Roubadas. As minhas palavras plagiadas, transformadas, já não minhas, afinal...
Os que me conhecem sabem que para mim o dinheiro nada vale. Uso-o para viver, ganho-o com honestidade e não ambiciono ser rica. Por isso, se me tivessem roubado dinheiro ou assaltado a casa, teria tido menos importância... Agora sei que há uma visitante algures, nesta rede imensa que é a internet, que entra aqui apenas para me espiar, para roubar o que aqui vou deixando nascer, numa atitude de puro desrespeito pela propriedade intelectual... E isso dói-me. Fundo.
Ao anónimo que me avisou, deixo o meu mais profundo reconhecimento. Graças a si, que me alertou, sei que alguém mascarado assina por mim os textos que eu escrevi. Mas a si, que me roubou tudo, não direi nada. As palavras são minhas, e você sabe. Você sabe que eu podia desmascará-la deixando os meus leitores verem com os seus próprios olhos o tanto que me tirou, expô-la ao ridículo, rir-me de si, mas sossegue, nada farei... As palavras são minhas. Ambas o sabemos. A mim isso basta-me. E agora vá em paz para o seu cantinho escrever coisas suas. Se calhar até consegue... E volte sempre que queira. Volte por bem.
10 comentários:
Infelizmente, este meio tem muita gente mesquinha, sanguessugas e stalkers abjectos...
Ignora, pois ao fim do dia, representas um portento de originalidade e essa personagem, não passa de uma cópia, de um plágio repleto de carências existencialistas.
Grata pelas palavras, Eros :)
Já passou a sombra mais negra...
Beijo
Para mim será sempre a "Stora" que gostaria de ter tido quando passei pelos bancos da "Eça". Confesso que este é o recanto mais inspirador que visito na blogosfera.E como não aprecio contrafação...
Sorria, Anna. Inspire, inspire-se e brinde-nos com toda essa poesia que carrega no peito.
Gosto muito de a ler. Gosto muito de a visitar. Gosto muito de Si.
Continue.
"Carissimo" ;)
Eu teria de certeza gostado de ter sido sua stora, Caríssimo. Os alunos irreverentes, os provocadores, são inesquecíveis para qualquer professor.
Agradeço profundamente as suas generosas palavras e o mimo com que me brinda...
Também gosto muito de si. Caríssimo.
Um beijo
Ignora amiga!
São pobres de espírito e ricos de malfazer.
Um abraço
Dia 30. Não te esqueças. :)
Beijo
Já ignorei, Lídia.
E dia 30, como poderia eu esquecer-me...? Como????!!!
Beijo, bom fds :)
Anna, ela sabe,você sabe, nós sabemos e isso já basta.
Escreva e ajude-a com a sua inspiração.
No fundo da nossa alma existe algo que é só nosso e isso ninguém nos pode "roubar".
O mote que nos leva a escrever é tão intimo, tão pessoal, que ninguém pode partilhar desse momento.
É um momento muito solitário e profundo, só nosso e aos outros deixamos apenas a breve brisa das nossas palavras e do nosso sentimento.
Um abraço.
Eduardo
Eduardo,
Muito obrigada...!
Um beijo
Infelizmente, há pessoas assim, sem qualquer pudor de fazer passar por seu aquilo que não lhe pertence.
O melhor mesmo é, como já aqui referiram, ignorar.
É exatamente isso, Deep.
:)
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