quarta-feira, 29 de maio de 2013

De argila, como eu...


Durante o sono retiraram-me uma costela
Ficou-me no peito um vazio que não consigo preencher
Custa-me a respirar
Eu quero de volta a minha costela
quero de volta todas as costelas
Quero de volta o paraíso
quero de volta o silêncio rumorejante
quero de volta as poluições noturnas
e diurnas
Quero uma mulher
feita de chuva
e vento
e fogo
e neve
e luz
e breu
e não de argila
como eu.

Jorge de Sousa Braga, in O Novíssimo Testamento e outros poemas

2 comentários:

Mar Arável disse...

O regresso às origens

Anna disse...

À pureza inicial...

:)