Quero contar-te do rio que corre debaixo da minha pele, igual a todos os outros rios. A água aparentemente mansa esconde redemoinhos que me sugam o corpo para abismos profundos dos quais não sei voltar. Às vezes um poema salva-me, a pele das letras, os braços dos versos que se erguem como estátuas apontando um caminho rasgado ainda por um arranhão de luz, ou o corpo das estrofes, ao qual me agarro para não naufragar... E assim como um rio precisa de margens que o apertem para poder ser rio, também eu preciso dessa água imparável que me leva no seu curso tranquilo e me empurra para a foz onde desaguam os meus sonhos. Sabes, é de água salgada o rio que me percorre e quase se atreve a ter corpo de mar, tão bravo que derruba as comportas do sorriso, se agiganta e transborda, invencível... Assim me denuncia e me desnuda esse rio solto, devastador, que tudo arrasta à sua passagem, tudo destrói e só se detém submisso quando chega à foz. Aí morre finalmente no fogo aceso dos meus olhos que nunca, nunca conseguirá apagar ou vencer.
4 comentários:
http://www.youtube.com/watch?v=v7ngAiDquzg
Cumprimentos
Cumprimentos retribuídos :)
Rente à pele! Comentar é estragar. Assim, deixo-te um beijo.
Lídia
:)
Um beijo, Lídia.
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