Gostava de morar na tua pele
desintegrar-me em ti e reintegrar-me
não este exílio escrito no papel
por não poder ser carne em tua carne.
Gostava de fazer o que tu queres
ser alma em tua alma em um só corpo
não o perto e o distante entre dois seres
não este haver sempre um e sempre o outro.
Um corpo noutro corpo e ao fim nenhum
tu és eu e eu sou tu e ambos ninguém
seremos sempre dois sendo só um.
Por isso esta ferida que faz bem
este prazer que dói como outro algum
e este estar-se tão dentro e sempre aquém.
por não poder ser carne em tua carne.
Gostava de fazer o que tu queres
ser alma em tua alma em um só corpo
não o perto e o distante entre dois seres
não este haver sempre um e sempre o outro.
Um corpo noutro corpo e ao fim nenhum
tu és eu e eu sou tu e ambos ninguém
seremos sempre dois sendo só um.
Por isso esta ferida que faz bem
este prazer que dói como outro algum
e este estar-se tão dentro e sempre aquém.
Manuel Alegre in Sete Sonetos e Um Quarto
3 comentários:
Lindissimo.
"Alma" de Manuel Alegre, uma boa sugestão. É sempre importante conhecer as origens de quem admiramos.
Lindissimo.
"Alma" de Manuel Alegre, uma boa sugestão. É sempre importante conhecer as origens de quem admiramos.
Toda a poesia de Manuel Alegre é de uma beleza e de uma sensibilidade que comovem... Felizmente, ele vai regressando aos Manuais escolares e sendo dado a conhecer aos jovens, depois de décadas de remissão para um plano de desprezo que não merecia de todo. Um dos autores de língua portuguesa que mais respeito e admiro.
Um beijo, Hanaé. E um bom fds :)
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