recordação de um sonho
de que alguém (talvez tu) acordou
(não o sonho, mas a recordação dele),
um sonho parado de que restam
apenas imagens desfeitas, pressentimentos.
Também eu não me lembro,
também eu estou preso nos meus sentidos
sem poder sair. Se pudesses ouvir,
aqui dentro, o barulho que fazem os meus sentidos,
animais acossados e perdidos
tacteando! Os meus sentidos expulsaram-me de mim,
desamarraram-me de mim e agora
só me lembro pelo lado de fora.
Manuel António Pina, "Não o Sonho" in Atropelamento e Fuga
5 comentários:
Bela escolha!
Vai-se a pessoa, fica o poeta. O poeta é imortal.
Beijo meu
Cabe-nos a nós fazê-lo imortal...
Um beijo e um sorriso :)
Que belo!!!
Cheguei aqui num acaso e bonita surpresa!
Gostei e volto!
Que belo!!!
Cheguei aqui num acaso e bonita surpresa!
Gostei e volto!
Obrigada, Sérgio :)
Talvez eu volte também, um dia...
Até lá, deixo-lhe um abraço
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