domingo, 30 de setembro de 2012

Adeus




Como se houvesse uma tempestade
escurecendo os teus cabelos,
ou se preferes, a minha boca nos teus olhos,
carregada de flor e dos teus dedos;

como se houvesse uma criança cega
aos tropeções dentro de ti,
eu falei em neve - e tu calavas
a voz onde contigo me perdi.

Como se a noite se viesse e te levasse,
eu era só fome o que sentia;
digo-te adeus, como se não voltasse
ao país onde o teu corpo principia.

Como se houvesse nuvens sobre nuvens,
e sobre as nuvens mar perfeito,
ou se preferes, a tua boca clara
singrando largamente no meu peito.
 
Eugénio de Andrade, "Adeus" in As Palavras Interditas
 

2 comentários:

Anónimo disse...

...Adeus tristeza, até depois
Chamo-te triste por sentir que entre os dois
Não há mais nada pra fazer ou conversar
Chegou a hora de acabar...

:(

Anna disse...

Fernando Tordo... Letra e música magníficas, uma geração ímpar de compositores e cantores!
Clico no "Like"!

Um beijo e um sorriso :)