Abro a lista de favoritos e saio para a blogosfera. Hoje procuro as palavras dos outros porque as minhas não fazem sentido, são uma doida pintura abstrata com cores improváveis, desprovidas de nexo e de sensatez... Hoje recuso a leitura e a escrita, os testes e os textos... Às vezes acontece-me enlouquecer. Às vezes zango-me muito comigo... Como hoje.
Procuro as palavras e entro em silêncio na casa dos amigos, devoro-lhes os textos, tento adivinhar-lhes as emoções, respiro fundo e saio sem deixar rasto... Não quero que me vejam, não quero que saibam que passei por ali... Desejo apenas a invisibilidade e o silêncio. Há blogues onde me demoro mais tempo porque uma palavra especial, um texto devastador, uma música ou um verso, subitamente prendem-me ao ecrã... E hoje finalmente alguém disse aquilo que eu procurava, aquilo que não consigo dizer, e é bom encontrar na rede as palavras que fugiam... É bom vermo-nos nas frases dos outros como num espelho...
Regresso ao meu cantinho, olho o contador de visitas e sorrio... Estão cinco pessoas online. Tento imaginar quem são, se vieram aqui ter por acaso ou se são amigos que entram regularmente, se procuram o mesmo que eu, se também eles encontraram hoje as palavras perdidas nos emaranhados caminhos virtuais desta infinita rede onde nos perdemos, nos reencontramos, onde nos cruzamos sem nos vermos... Onde andamos todos, invisíveis... silenciosos... e estranhamente sós.
8 comentários:
Todas as minhas visitas são feitas sempre na esperança de quem me recebe tenha croquetes e pasteis de bacalhau para oferecer na recepção... Não tenho tido sorte. Saio sempre de barriga vazia. valha-me que por vezes saio de alma plena...Ao menos isso...
Mas preferia um pastelinho de bacalhau...e um copito já agora.
Quando saio daqui vou menos só, vou mais feliz e levo-te no coração no cantinho onde se guardam os tesouros.
Beijo
Sou uma anónima que passa com bastante regularidade pelo teu blogue. Obrigada pela partilha, e parabéns pelo bom gosto :-)
E estranhamente só, me encontro contigo aqui, dentro do teu texto, e todas as tuas palavras fazem em mim sentido.
Obrigada!
Um abraço
Caro Anónimo,
Já que não posso encher-lhe a barriga, ainda bem que pelo menos (ainda que só por vezes) lhe alimento a alma. Esta é uma confissão muito bonita para quem a recebe... Muito obrigada! :)
Volte sempre
Henrique,
Tão bom ouvir-te...!
Saudades...
Beijo
Cara Anónima,
Obrigada pela presença, pela companhia e pelas palavras...
Beijinho
Maria João,
Muito obrigada pela partilha e pela ternura :)
Beijinho
Enviar um comentário